segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Sentidos

Pegue meus olhos, veja
Refletem essa luz tão repleta de certeza
Sinta no palmo das suas mãos
O meu corpo de pureza
Tão ressequido na amplidão
Contemplado de braveza
Pegue os meus lábios, toma
Sinta esse dom de aroma
Amor não se dá, se soma
Ouça a canção, ame
No balanço do chão, clame
E junte os teus sentidos
Como cacos desvalidos
Desampara o coração
Que no fundo sem razão.

Sem ponto final

Quero minha vida mesmo sem ponto final.
Porque o fim é a despedida do que me faz feliz.
Viajar no tempo sem pressa, atemporal.
Sentir o vento, vendaval.
Agora sento, penso.
Minha vida sem ponto final.
Minha vida solta no céu, no mar.
Andar, voar
Cantar,...ah, cantar!!

Palco

A bailarina vai se apresentar no teatro municipal...
O palhaço vai estar no circo meu bem...
O músico já tem platéia...
A princesa já está no trono...
O trabalhador acorda às seis e toma um ônibus...
E o executivo toma lentamente o café...
Até mesmo o sol já brilha...
Os políticos já discutem as novas leis...
Os jovens as contestam...
Onde estamos meu bem?
Perdidos num ensaio?
Num ensaio da vida...
Que nos prega uma peça...
Fazemos parte dele amor...
Deveríamos estar felizes?
Os namorados já estão na praça...
A banda já está nas ruas...
O padre já está na igreja...
As moças na janela...
O menino já entrega o jornal...
As fábricas já funcionam...
Meu barquinho já está na fonte meu bem...
Vamos navegar...
Artistas navegam...
As crianças estão nas casas de árvores...
Alguém viu nossa casa?
Ah! O palco é nossa casa!

domingo, 9 de agosto de 2009

Literatura de cordel - ''O Chico e a Rosa''

Está ali a moçinha, linda e formosa
Cumprimenta o ‘’compadre’’
Num passinho de prosa
Eita, que moçinha dengosa!
Certo dia, o filho do padeiro a viu passar toda cheirosa
Apaixonado ficou e cheio de amor
Decidiu ganhar essa flor amorosa
Mas a doce menina
Já tinha traçada sua sina
Casar-se-ia com o filho do fazendeiro
Com tudo ajeitado na igrejinha da esquina
O rapaz apaixonado
Chamava-se Chico mal amado
E de dores chorava
Seu amor despedaçado
Até que certo dia
Uma velha o vendo passar
O chamou e disse bem devagar
Preste atenção meu caro jovem
Sua vida vai mudar
Pegue essa poção que lhe aconselho tomar
E faça na mesma hora um pedido
Que ele irá realizar
O Chico tomou de uma só vez
E logo um pedido fez
O amor da moçinha
Sua linda Rosinha
E contando até três
O casamento dela se desfez
E os dois se apaixonaram
E logo se casaram
E eu conto pra vocês
Que muito felizes eles ficaram

Cotidiano (pra dizer que te amo)



Não ando mais a par do que se passa nesse mundo de martírio, e me martirizo a pensar, me perco. Vejo a casa vazia, tomo um café, estudo minhas letras, leio as histórias, tomo um café. Não pego o jornal, ignoro o governo, estudo minhas letras, leio as histórias, tomo um café. Risco papéis, componho canções, canto minhas letras, conto as histórias, tomo um café. A tarde cai, leio um bom livro, sussurro Vinícius, dedilho seu samba, sinto minhas letras, estudo as histórias, tomo um café. E a noite chega e a mesa do bar de esquina, a boemia, aquela bossinha, um violão, um pedido, dois até, rascunho uns versos, liberto meu riso, conto uns causos, falo de amor, te entrego minhas letras, te enquadro nas histórias e tomo um café. Adormeço e a madrugada já se faz dia, e vivo a rotina, estudo minhas letras, leio as histórias, tomo um café...eu só quero dizer, que amo você.