domingo, 15 de novembro de 2009

Uma coisa só minha

Um dia desses me coloquei dentro de uma saia preta de bolinhas brancas, era nada nova e não fora minha assim de primeira. Minha mãe na sua solteirisse havia se enamorado dela, uma coisa completamente perdoável já que fazia parte da moda da época, se apossou da desejada peça.
Com certeza era quase histórica, nem pelo tempo, mas pelas coisas que ela viveu junto das pernas, dando forma às coxas, com um ar romântico no seu recorte. E eu a adorei desde o início, assim que a vi pendurada num cabide. Mas ainda não tinha aquelas pernas, aquele corpo, aquela altura para usá-la, eu era uma ainda criança.
Mas o meu desejo de vesti-la era uma coisa forte e quando via minha mãe se postando dentro dela ficava fascinada, meu pai a elogiava cem vezes, ele também devia ter um grande afeto pela saia.
Mas quando a minha meninice me dava capacidade para me deliciar com sua seda, a pedia sempre emprestada. Ninguém na idade em que eu estava achava aquilo encantador, era uma coisa só minha.
E desfrutando agora dos meus 20 anos, minha mãe chamou-me no quarto e me deu um paninho preto de bolinhas brancas embrulhadinho e disse que era toda minha, era ela, a agora minha saia, uma coisa só minha mesmo.
Talvez os homens da minha idade não a admirassem tanto e tão pouco a elogiariam, mas quando meu pai me vê vestida com ela, me faz cem elogios.

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